Maldosas

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Mulheres, definitivamente, não são todas iguais; embora criadas da mesma costela de Adão, existem com características várias, cada qual com suas peculiaridades. Há, contudo, duas categorias especialmente notáveis: as mulheres boas e as mulheres más.

Mulheres más não são necessariamente malvadas. Tampouco são más mulheres. Mulheres más apenas vêm ao mundo com a difícil missão de não serem as boazinhas das histórias. Missão árdua, é bem verdade, mas, assim mesmo, fascinante – uma vez que a tenha conhecido, você jamais esquecerá uma mulher má.

Mulheres más não cedem; concedem. Não existem, vivem. Não duvidam, pagam pra ver. Não estão sempre a cobrir de mimos e agrados, nem a distribuir sorrisos, nem a dizer amenidades, nem a medir palavras. Elas mimam, agradam, sorriem e dizem na exata medida de sua vontade soberana. Mulheres más não falam; fazem-se ouvir – ainda que sua voz seja o mais absoluto silêncio.

Mulheres más não são do tipo que só diz “sim”. Ao contrário, são más justamente pela intuitiva maestria em proferir um “não” – seja ele dito sob tempestades e trovoadas ou com a suavidade de um flautista. Jamais desagradam a si mesmas para agradar aos outros. Não aparentam; são. Persuasivas, sedutoras, misteriosas, encantadora e indiscutivelmente feiticeiras.

Mulheres más não fogem à luta; matam um leão por dia. São gigantes pela própria natureza disfarçados de criaturas frágeis e delicadas, o impávido colosso sob a doce aparência da mãe gentil. Sofrem, choram, se desesperam, mas, ao contrário das boazinhas, são como a fênix: um piscar de olhos e lá estão elas a renascer das próprias cinzas. Superlativamente amadas ou odiadas, o fato é que não se fica indiferente frente a uma dessas criaturas singulares.

Mulheres más nascem e morrem como todas as outras porém, diferentemente de muitas, espraiam suas sementes ao longo do caminho que existe entre nascer e morrer. São mães, filhas, esposas, senhoras, meninas, pobres, ricas, letradas, ignorantes, brancas, negras, amarelas, Marias, Isauras, Joanas, Fulanas. Más – não pelo que lhes vai no coração, que é de ouro; más, pela audácia em desafiar os pobres tolos que insistem na vã tarefa de tentar lhes minar as forças, tirar o brilho, negar o valor. Mulheres más talvez não saibam qual o caminho que conduz ao céu. Mas o da felicidade, certamente, elas conhecem.

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